"enquanto nos amamos/ um cão
late na cozinha íntima/
tecemos vida e morte/
olhos puros tua mão/
onde está o cântico/
dos cânticos?/ o
visível que munda noutro lugar?/
abrirá o ar que não se deu?/
estariam escritos os escritos
de dois em um/ a obra
que não preserva nada?/
nunca sabemos o que aconteceu/ a noite
somos nós/ tranquila/
cala abismos/"
GELMAN, Juan. "Sépase", in Mundar. Buenos Aires: Seix Barral, 2007, p. 47. Tradução minha.
Juan Gelman nasceu em Buenos Aires, em 1930. É um dos maiores poetas argentinos do século XX. No Brasil, apenas alguns de seus livros foram traduzidos. Este Mundar ainda é inédito por aqui. Abaixo, o poema original.
Sépase
"mientras te amo/ un perro
ladra en la íntima cocina/
cosemos vida y muerte/
ojos puros tu mano/
¿a dónde se fue la canción/
de las canciones?/ ¿el
visible que munda en otra parte?/
¿abre el aire que no sucedió?/
¿estaba escrita la escritura
de dos en uno/ la obra
que no conserva nada?/
nunca sabemos qué pasó/la noche
es nosotros/ tranquila/
calla abismos/"
Há 13 anos