"Chegar enfim
à superficie das coisas,
de mãos dadas com o ar.
Ergo-me de baixo até minha pele
– deveria dizer até meus olhos
mas meus olhos são feitos de pele –
para ver os girassóis,
os rostos misericordiosos, os céus
verdes, essas planícies,
explosão de amarelo e um
leve gosto de suor em rostos
desfigurados por terem nascido.
Olhos que funcionam como guias
para ver, em detalhe,
o que é verbo, figura,
cor esquecida."
--
PUIG, Salvador. “Entre Van Gogh” in: Escritorio. Montevidéu: Linardi y Risso, 2006, p. 35. Tradução minha.
Salvador Puig é um importante poeta uruguaio. Nascido em 1939, ainda está escrevendo. Publicou alguns de seus poemas em antologias coletivas no Brasil, mas nenhum livro seu foi traduzido e publicado aqui. Escritorio é seu último livro. Abaixo, o texto original.
"Llegar por fin
a la superficie de las cosas,
de la mano del aire.
De abajo subo hasta mi piel
– debería decir hasta mis ojos
pero mis ojos son de piel –
para mirar los girasoles,
las caras de perdón, los cielos
verdes, esas planicies,
estallido de amarillo y
tenue sabor a olor en rostros
desfigurados por haber nacido.
Ojos que actúan como guías
para ver en detalles
lo que es el verbo, la figura,
el color olvidado."
Há 13 anos
Um comentário:
quando li esse texto, lembrei dos rostos e paisagens que eu vi por apenas um ou alguns segundos, espalhandos pelos dias da minha existência, e que eu nunca achei de voltariam a minha mente.
muito bom! viva o Van Gogh e o que ele faz o Puig, eu, vc e toda essa gente lembrar! ê!
Postar um comentário